O ano de 2020 não está nada fácil nem para as maiores economias do mundo. Países como Estados Unidos, Itália, Canadá, Alemanha e França tiveram suas economias reviradas por causa da pandemia de COVID-19 ao longo do primeiro semestre. E a Austrália, infelizmente, não ficou de fora: ontem o governo australiano divulgou que o país teve seu segundo trimestre seguido com o seu Produto Interno Bruto (PIB) em queda. 

Isso significa, na prática, que a economia da Austrália encolheu. Segundo dados do Australian Bureau of Statistics (ABS) o país teve uma queda de 7,3% no PIB do primeiro semestre de 2020. Esse resultado deve-se, principalmente, ao efeito da pandemia combinado com as respostas do governo e da população. 

Mas o que esses dados significam?

Esse resultado advém da queda do PIB australiano de dois trimestres seguidos. Entre janeiro e março a economia local contraiu 0,3% e, entre março e junho, acabou encolhendo os outros 7%. O resultado do segundo trimestre é, inclusive, o maior de toda a série histórica, que começou em 1958. 

Esse resultado de dois trimestres com o PIB encolhendo significa, na linguagem dos economistas, que o país entrou em recessão técnica. Esse é um termo usado por economistas para definir “dois trimestres consecutivos de crescimento negativo do PIB”. Isso significa que alguns setores da economia vão bem, outros vão mal, mas, no final, o resultado é negativo.

Na prática, isso pode gerar mais desemprego e fazer com que a renda das famílias diminua. No caso da Austrália, ainda não se pode mensurar se é uma recessão branda ou profunda, uma vez que isso é medido de acordo com o tempo que as pessoas ficam desempregadas.

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A última vez em que a Austrália entrou em recessão o mundo era totalmente diferente: ainda não existia internet no Brasil, o uso de telefones celulares era bastante restrito, a União Soviética ainda existia e Real brasileiro também não fazia parte de nossas carteiras. Foram 30 anos de crescimento ininterrupto que transformaram a Austrália em uma grande potência econômica mundial – a última recessão registrada pela terra do canguru foi no ano de 1990.

O setor de serviços foi um dos mais impactados

Devido a uma das quarentenas mais restritivas do mundo, a Austrália conseguiu controlar bem as taxas de transmissão, registrando até hoje, 03 de setembro de 2020, pouco mais de 26 mil casos de COVID-19 e 678 mortes. Apesar disso, inúmeros estabelecimentos permanecem fechados até hoje, como hotéis, restaurantes, academias e shoppings centers. Isso sem falar no setor de turismo, que sofre com a falta de turistas internacionais, uma vez que as fronteiras da Austrália com outros países ainda está fechado. 

Nesse sentido, o consumo das famílias caiu 12%, enquanto o setor de serviços teve uma queda de quase 18%. Isso é reflexo da recessão que pode ser constatada nos números: as pessoas deixam de comprar e, consequentemente, as empresas deixam de produzir.

Os números revelam que as famílias estão economizando quase 20% de toda sua renda disponível. Em comparação ao primeiro trimestre, esse valor era de 6% de toda a renda disponível às famílias. Ou seja: a cada AUD $100 ganhos por mês, cerca de AUD $20 são economizados atualmente. 

Há um termo técnico na economia chamado de lei da oferta e da demanda: quanto mais as pessoas compram, mais as empresas produzem – e o inverso também acontece. Por exemplo: ao invés de uma padaria produzir 100 pães por dia, ela passa a produzir apenas somente 60, pois as pessoas pararam de comprar pães. 

Isso também pode ser apontado como um reflexo da economia das famílias: pelo menos 600 mil australianos perderam seus empregos durante a pandemia e, mesmo com as ações governamentais para que as pessoas mantivessem suas rendas, o consumo final das famílias teve uma queda de 12,1% segundo dados do ABS. Ou seja, os efeitos da pandemia fizeram com que as famílias mudassem seus hábitos de consumo.

Isso significa que a Austrália pode não ser mais um bom lugar para intercâmbio ou imigrar?

Não exatamente. É muito cedo para que possamos fazer essas previsões, mas já é possível desenhar alguns cenários para o futuro. Se você pensa em fazer intercâmbio na Austrália, saiba que essa recessão pode não afetar, exatamente, seu projeto de estudos. 

Isso porque o setor de educação é um dos que mais movimenta a economia australiana. Para o ano fiscal de 2018, por exemplo, o setor de educação internacional contribuiu com AUD $ 37,6 bilhões para a economia da Austrália – um aumento de 15% em relação ao ano anterior. É um valor expressivo e que mostra a importância do setor de educação internacional para a economia local. Além disso, cerca de 8,5% dos trabalhadores australianos estavam empregados nessa área até maio de 2020. Isso corresponde a cerca de 1 milhão de pessoas empregados no setor. 

São valores como esses que mostram a importância do setor educacional na Austrália. Dessa maneira, não se prevê uma retração tão grande no setor. Em relação ao coronavírus, inclusive, o setor de educacional é um dos que mais pressiona o governo australiano para que as fronteiras sejam reabertas aos estudantes internacionais.

Outro cenário para a economia da Austrália é que ela se recupere a partir dos próximos meses, uma vez que há um relaxamento das restrições de mobilidade que vieram a partir do coronavírus. Apesar da queda de 7% do PIB no último trimestre, especialistas acreditam que será possível fechar o resultado anual do PIB em um valor baixo, porém positivo. 

O que se pode esperar do futuro

A expectativa do Tesouro Australiano é que as atividades econômicas encolham muito pouco ou, até mesmo, não encolham mais no terceiro trimestre de 2020 (os meses até o final de setembro).

Economistas afirmam que a Austrália passou pelo pior, economicamente falando, no segundo trimestre. Espera-se que mesmo com as fortes restrições em Victoria a economia não seja tão afetada assim no saldo anual do PIB, uma vez que a reabertura de outros estados podem ter compensado. 

No final das contas, o cenário parece bastante difícil para os australianos, que não viviam um período de crise econômica há muito tempo. Entretanto, este cenário de crise pode não perdurar muito tempo, como vemos no Brasil há alguns anos. Cabe esperar as cenas dos próximos capítulos. 

Este texto foi escrito com informações de Exame.com(1) (2); O Globo; CNN Brasil; UOL; BBC Brasil; ISTO é Dinheiro; ABC Australia(1) (2); The Conversation; Australian Bureau of Statistics e Governo Australiano (fontes acima).

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